Alencar: da infância pobre à construção de um império

José Alencar morreu aos 79 anos em São Paulo (Divulgação)
O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu hoje depois de uma luta de mais de 10 anos contra um câncer de intestino. A persistência de Alencar resume bem sua biografia: nascido pobre, começou a trabalhar aos sete anos, saiu de casa aos 15 e chegou à vice-presidência do Brasil dono de um império no ramo têxtil.

Alencar nasceu José Alencar Gomes da Silva no dia 17 de outubro de 1931 em um povoado próximo de Muriaé, cidade a 300 quilômetros de Belo Horizonte. Décimo primeiro filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, ele foi o mais bem sucedido dos 14 irmãos.

Alencar começou a trabalhar cedo: aos 7 anos foi vendedor em uma loja do pai. Ele deu mostras de sua independência já aos 15 anos, quando decidiu deixar a família para trabalhar como balconista em uma loja de tecidos. Segundo o próprio Alencar, o dinheiro que ele ganhava era insuficiente até para alugar um quarto.

Dois anos depois, e ele se muda para Caratinga (305 quilômetros de Belo Horizonte) para trabalha como vendedor.

INDEPENDÊNCIA

O início de sua independência financeira também chegou cedo: aos 18 anos. Foi quando seu irmão mais velho, Geraldo Gomes da Silva, lhe emprestou uma quantia para que ele abrisse sua própria loja, fincada na avenida Olegário Maciel, 520, no Barro Branco, em Caratinga. "A Queimadeira" foi o nome que Alencar a batizou no dia 31 de março de 1950.

O comércio vendia um pouco de tudo: tecidos, guarda-chuvas, sapatos e chapéus. Para garantir competitividade à loja, ele comia marmita e passava as noites na própria loja. O sacrifício durou até 1953, quando ele vendeu o estabelecimento.

O segundo negócio de Alencar foi em um ramo desconhecido: venda de cereais por atacado. Ao final de 1959, ele uniu suas habilidades de vendedor e atacadista para começar a trabalhar no que melhor soube fazer: fabricar e vender tecidos.

Com a morte do irmão Geraldo naquele ano, ele assumiu a empresa de tecidos União dos Cometas. Em 1963, construiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, batizada mais tarde de Wembley Roupas S.A.

IMPÉRIO

Mas foi em 1967 que ele se juntou ao deputado Luiz de Paula Ferreira e fundou a Companhia de Tecidos Norte de Minas --a Coteminas-- em Montes Claros, cidade a 425 quilômetros de Belo Horizonte. Era o início de um império, que começou a florescer em 1975, quando foi inaugurada a mais moderna fábrica de fiação e tecidos do Brasil.

Hoje a Coteminas é dona de 11 unidades --em Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Paraíba, Santa Catarina e Argentina-- que fabricam e distribuem os fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis para o mercado interno, para os Estados Unidos, Europa e Mercosul.

A empresa é dona de quatro marcas: Artex, Calfat, Garcia e Santista, a mais conhecida delas. O tamanho da companhia pode ser medido com o tamanho de seus investimentos.

Para baixar custos e garantir a produtividade, a Coteminas participou com um terço dos R$ 137 milhões investidos na construção da hidrelétrica de Porto Estrela, localizada no rio Santo Antônio, leste de Minas Gerais. A usina produz energia suficiente para abastecer uma cidade de aproximadamente 300 mil habitantes.

O sucesso empresarial de Alencar lhe rendeu influencia no meio. Ele foi presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

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