Um prêmio para Lobão

A presidência do Senado. O PMDB fica satisfeito, o presidente Sarney passa o cargo a um aliado e, de quebra, o caminho está aberto ao secretário da Casa Civil do Maranhão, Luís Fernando, para mover-se como quiser, e viabilizar, como quiser, sua candidatura ao Governo do Estado com o toque da governadora Roseana Sarney.

É esse o quadro que oposicionistas pintam depois de expostas, em portal de notícias mais visitado do país, matérias sobre a frequência parlamentar, ou melhor, falta dela, da esposa do ministro, deputada federal d. Nice Lobão, e do filho deles, senador Edison Lobão Filho.

Sintomático? Nada, protestam alguns. Tudo isso é jogo lá de cima, do Planalto, já pensando em 2014 e na aposentadoria de Sarney, e de transferir as rédeas das Minas e Energia a um aliado da base da presidenta Dilma, de preferência do PT. Pode ser. Mas também, pode não ser, questão de perspectiva.

Lobão pisou em solo tocantino na noite da última quinta, 29, deixando pra trás a visibilidade das reuniões e articulações da quinta-feira sagrada de Brasília, véspera da revoada de parlamentares, ministros e lobistas de plantão da Capital Federal.

Aqui, o senador-ministro foi simpático, como sempre, e não poderia ser diferente, visto que essa qualidade sempre lhe exaltou a personalidade política. Recebeu com cortesia seus aliados e foi solícito com a imprensa, marcas de um homem público. Desfiou amenidades e elogios aos que lhe aguardava, e respondeu os questionamentos de seus coleguinhas (o ministro é jornalista e conhece a classe), mas, era de se esperar, esquivou-se como um cavaleiro medieval na hora do confronto.

Gastou mais uma vez seu chavão ‘Tu o dizes”, a passagem bíblica, quando perguntado se seria mesmo o próximo presidente do Senado.

Sobre a disputa municipal, foi lacônico: “A eleição municipal diz respeito ao Município. O que nossos líderes decidirem, nós seguimos”.

Na verdade, Lobão está em plena campanha ao governo do estado, e, claro, sabe conquistar aliados, de lado A ou B, é importante, pra barganhar nos números quando a hora chegar. E sabe que seu futuro é partir para a guerra de 2014. Mas antes, tem que marolar nas ondas do jogo da especulação.

Lobão sabe que, agora, não é a primeira opção, mas que pode ser o plano B. Nisso ele aposta tudo. Como se diz, tem patrimônio eleitoral.

Equilibrar-se na corda do varal, é coisa que marinheiro esquinado sabe.

E o ministro embarcou de volta, como sempre, deixando recado a aliados. Lá em cima, as pendências se resolvem. É questão de tempo.


Publicado originalmente no jornal Correio Popular, coluna do Carlos Gaby

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